segunda-feira, 2 de julho de 2007

A Raposa Selvagem

Toda a vez que o Mestre Baijang fazia uma reunião, um velho se juntava à assembléia para ouvir seus ensinamentos. Quando as pessoas deixavam a reunião, o velho saía junto.

Um dia, o velho ficou para trás e o mestre perguntou quem ele era.

O velho disse, “Não sou um ser humano. No passado, na época de um Buda pré-histórico, eu costumava viver nesta montanha. Ocorreu que um estudante perguntou-me se as pessoas instruídas também estavam sujeitas à causalidade. Disse que elas não estavam sujeitas à causalidade e entrei num estado de raposa selvagem pelo tempo de quinhentas vidas. Agora peço uma palavra em meu favor para que me livre de continuar sendo uma raposa selvagem”.

Então o velho perguntou, “As pessoas instruídas ainda estão sujeitas à causalidade?”

O mestre disse, “Não estão cegas à causalidade”.

O velho iluminou-se enormemente com estas palavras. Reverenciando, disse, “Habitei o corpo da raposa selvagem que permanece do outro lado da montanha. Estou tomando a liberdade de lhe contar e pedir-lhe que celebre o funeral de um monge”.

Então o mestre mandou um grupo soar a tábua e anunciar à comunidade que iriam encomendar um monge falecido após a refeição.

A comunidade debateu muito este assunto, interrogando-se como poderia ser, uma vez que todos estavam muito bem e não havia ninguém na enfermaria.

Após a refeição, o mestre levou o grupo a uma caverna do outro lado da montanha, onde puxou uma raposa morta com seu cajado. Então a cremaram.

Naquela noite o mestre subiu no salão e contou o que havia se passado. Huangbo perguntou, “Um ancestral que deu uma resposta errada caiu em um estado de raposa selvagem pelo tempo de quinhentas vidas. O que acontece com quem que nunca deu uma resposta errada?”

O mestre disse, “Chegue até aqui que lhe conto”.

Huangbo aproximou-se e deu um tapa no mestre.

O mestre aplaudiu e disse, “Pensava que as barbas dos estrangeiros fossem vermelhas. Há até mesmo um estrangeiro de barba vermelha aqui!”

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